Quem, em algum momento nessa vida
não balançou, não sentiu sua alma perdida
não chorou, como chora uma criança
ao ver a mãe acenando em despedida
É por medo que a criança chora
e também nós, é por medo que choramos
de nos sentirmos fracassados ou sozinhos
com a terrível sensação de abandono
Como se nada pudéssemos em nós mesmos
como se nada pudéssemos sem o “ outro”
com suas mãos de pai, mãe,
de amigo ou de amante
nos sustentando em nossa falta de amor próprio
E quantas mãos por nossas vidas não passam
E em quantas delas nos agarramos e amamos
só que são elas, outras vidas, como as nossas
também entregues aos seus medos e seus enganos
E igualmente, elas claro, também falham
também encalham nas águas rasas de seus sonhos
e toda a força que um dia nos emprestaram
levam consigo, nos deixando sem escoro
Fomos traídos…é o primeiro pensamento
e é sempre o “ outro” o culpado dessa mágoa
e perdoar, se torna então tarefa árdua
nesse engano, que juramos ser amor
Sim, precisamos de amor, sem exceção
sem ele a vida nem sequer seria
o amor é tudo, é nossa base, é nossa fonte
é nossa ponte, para a felicidade plena
Só esquecemos, que o amor para ser perfeito
e atingir essa felicidade meta
tem que de fato ter início em nós mesmos
e a nós e a todos, dedicá-lo com firmeza
Jamais o “outro” nos dará o que queremos
somente nós, podemos tudo o que buscamos
se nos amamos, do “outro” nada exigiremos
melhor que isso, ainda estaremos estendendo
todo esse amor interno que encontramos
E nossas mãos que esmolavam em seus medos
deixarão de pedir, hoje ocupadas, se doando
na certeza, que é dando que recebemos
que é só no amor que renascemos
e onde reside toda a paz que procuramos.