Por Andrea Setti
E para homenagear o Dia Internacional da Mulher, trouxemos algumas Chefs que estão modificando o cenário da gastronomia e confeitaria em São Paulo. Elas priorizam a comida de verdade, utilizam em seus pratos somente ingredientes de qualidade, orgânicos e de produtores locais.
Trazem uma culinária de tradição sem deixar o contemporâneo de lado. São mulheres com histórias lindas e que realmente fazem a diferença na vida de muita gente.
Mirante Mira
O Mirante Mira é administrado 100% por mulheres. Um espaço multicultural, plural, democrático e livre.
O mirante foi construído junto com o túnel que passa na avenida 9 de Junho e ambos foram inaugurados em 1938. No entanto, o observatório ficou vazio e abandonado por 76 anos! O centro cultural foi aberto em 2015, com uma nova proposta de celebrar a ocupação dos espaços públicos ociosos da cidade.
E foi em agosto de 2019, que o MIRA passou a ser gerido pelas sócias Dulce Santos, Roberta Youssef, Priscila Nonaka e Lívia Calixto, com contribuições maravilhosas da artista gráfica Mari Duarte, artista visual Di Monique, a jornalista Flora Miguel, a produtora Julieta Regazzoni e Denis Nunes, responsável pela conservação patrimonial com foco na reutilização de materiais.
E os destaques são o restaurante de mesmo nome e que oferece uma comida descomplicada com inspiração em culinárias variadas, dentre elas a cozinha Tailandesa. Os ingredientes, são comprados de pequenos produtores, assentamentos e produtores de agroecologia. E a cafeteria Sensory Coffee Roasters, que traz blends bem selecionados, provei o bolo de abóbora deles que é servido com calda de açúcar mascavo e pedi também um espresso, combinação perfeita e inédita para mim.
O local tem muitas mesas, co-working e wi-fi grátis o que é ótimo para aproveitar os cafés, os doces, a gastronomia, os eventos e a vista da cidade.
Para acompanhar o espresso, o bolo de abóbora com calda de açúcar mascavo do Sensory Coffee Roasters, surreal
Mobilidade descer na estação Trianon Masp linha verde do metrô e uma caminhada em uma super descida, bike, uber ou táxi.
Super dica é almoçar por lá, tomar um café e ficar aproveitando o local que sempre oferece programações incríveis. Aliás, estão com uma agenda bem legal para este mês de Março, feita especialmente para o Dia da Mulheres.
Mirante Mira
Rua Carlos Comenale, s/n – Bela Vista, São Paulo
Horário de Funcionamento
Terça a Domingo das 10h às 22h
Os horários podem sofrer alterações favor consultar o perfil
Instagram
@mirantemira
A Baianeira – MASP
A chef Manuelle Ferraz, natural de Almenara, no Vale do Jequitinhonha, trouxe receitas, inspiradas nos pratos da sua infância e adolescência. E uniu o que a gastronomia baiana e mineira possuem de melhor.
A Baianeira já faz sucesso na Barra Funda, onde Manuelle se instalou há seis anos para morar e criar suas receitas.
A casa começou como uma pequena venda, chamada Quem quer pão? E a plaquinha está lá até hoje para contar essa história. Na bancada, Manu oferecia um quitute que ainda é um ponto forte do seu cardápio, o pão de queijo de polvilho e queijo mineiros, delicioso.
E a chef é um dos principais nomes da gastronomia brasileira hoje, Manuelle Ferraz foi reconhecida Chef Revelação pelo prêmio Melhores do Ano Prazeres da Mesa 2018-2019 e teve seu restaurante eleito um dos novos Bib Gourmand do Guia Michelin Brasil 2019. Também em 2019 A Baianeira ganhou o título de Melhor Restaurante para se Sentir em Casa, pela premiação gastronômica O Melhor de São Paulo, do jornal Folha de S.Paulo.
“Nossa cultura gastronômica é muito rica. A escassez do interior do Brasil gera preciosidade, mistura” Chef Manu.
E o conceito de gastronomia de Manuelle deu certo com a proposta do MASP que é de romper hierarquias nas artes.
A Baianeira serve almoço e também brunch, que eles chamam de “Café tardio”, dá para escolher entre os combos, como o que leva pão na chapa com requeijão de corte, banana-da-terra com mel e amêndoas, um cafezinho coado e suco natural, ou entre as opções individuais.
E visitar o MASP é sempre um ótimo passeio, o museu é considerado hoje o Museu de arte mais importante do Hemisfério Sul, com cerca de 10.000 peças, abrangendo arte africana, das Américas, asiática, brasileira e europeia, desde a Antiguidade até o século 21, incluindo pinturas, esculturas, desenhos, fotografias e roupas, entre outros.
Além de nomes do acervo europeu com obras de Rafael, Ingres, Van Gogh, Cézanne, Renoir, Monet e Picasso, fazem parte desse conjunto peças de outras culturas, como o par de guerreiros chineses e a escultura da divindade africana Exu. Entre os brasileiros, há trabalhos de Maria Auxiliadora, Agostinho Batista de Freitas, Albino Braz, José Antônio da Silva e Rafael Borjes de Oliveira, artistas autodidatas que atuavam fora do circuito tradicional da arte e da academia, e frequentemente são deixados de lado na história da arte. Este grupo ajuda a construir um panorama mais amplo e diverso da cultura brasileira, ao lado dos já reconhecidos Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Candido Portinari e Victor Meirelles.
Logo na entrada muita história e cultura pelos utensílios e objetos de decoração
Rico em detalhes
Menus
Xícaras lindas para apreciar o café
Muito charme nessas canequinhas de agata para o açúcar
E provei o pão de queijo com abobrinha
Mobilidade descer na estação Trianon Masp linha verde do metrô, uma caminhada, bike, patinete, uber ou táxi
Super dica são as exposições do MASP, indico a da Leonor Antunes: Vazios, Intervalos e Juntas em cartaz até dia 12/4 e depois passear na avenida mais linda de São Paulo
A Baianeira – Masp
Av. Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo
Horário de Funcionamento
Segunda a Sexta das 12h às 15h
Café da Manhã Tardio e Almoço no Sábado das 10h às 16h
Café da Manhã Tardio e Almoço no Domingo das 10h às 17h
Os horários podem sofrer alterações favor consultar no perfil
Instagram
@abaianeira
Fioca
Com uma arquitetura moderna que impressiona e decoração clean. A confeitaria que teve inspiração em cidades como Berlim, fica localizada na rua que amo, Barão de Tatuí. E a ideia é trazer sabores que surpreendam, tudo com foco principal no valor nutricional dos ingredientes.
A Chef Regina Paula Corrêa Silva Cirino sempre amou a natureza e teve contato com produtos e matéria-prima orgânica. Sua primeira formação foi em hotelaria onde estagiou em grandes hotéis e em SPAs. Sempre solicitou maior permanência nas cozinhas pois era o local que mais a encantava. Fez muitos cursos relacionados a nutrição e saúde, pois sabia que era a área em que queria atuar.
A confeitaria foi inaugurada em 2019 e Fioca foi inspirado no apelido carinhoso dado à Regina por seu pai, e significa “filha querida”, como ele a chama até hoje.
A confeitaria quer promover o resgate do bem-estar através de saborosos doces com qualidade nutritiva e funcional, buscam atender todo tipo de público, entre eles: celíacos, diabéticos, alérgicos a lactose e veganos.
Utilizam ovos e frutas orgânicas, menor quantidade de açúcar e de melhor qualidade, tais como o demerara, mascavo e o açúcar das próprias frutas, assim como os adoçantes naturais xylitol, mel e agave. E o sítio Fioca é responsável por quase todos ingredientes usados na confeitaria. A produção integrada é desenvolvida com o mínimo de interferência externa o que garante a qualidade dos produtos, sem perder aquele gosto saboroso de ingredientes 100% orgânicos.
“Nosso trabalho é focado no respeito pela natureza e pela saúde, doce é muito bom e pode ser nutritivo. E pode agregar além de carinho, nutrição para o nosso corpo, e sigo por essa linha porque escolhemos os melhores ingredientes, orgânicos, mais puros e sem muita passagem pela indústria. E em relação a nossa equipe ser somente de mulheres, mulher compreende mais fácil o carinho que temos que ter com clientes e toda delicadeza que meu trabalho envolve, mulher tem resistência e muita força.
E trabalhar com elas é muito bom, todas juntas nos organizamos e somos todas guerreiras”.
Chef Regina
Fioca trouxe o saudável, a leveza, deixou a confeitaria mais delicada e bem mais saborosa.
Arquitetura com inspiração em locais de Berlim
Detalhes com muito afeto
A simplicidade da Chef e a elegância com que trata seus colaboradores, algo inspirador.
Bolinho de limão siciliano e mel e chá de camomila com laranja
Cheesecake vegano sem glúten, sem lactose e sem açúcar
Torta de chocolate vegana, sem glúten e sem lactose e sem açúcar
Eles também personalizam os seus produtos de acordo com a necessidade de cada cliente, usando farinhas específicas como a integral, de arroz, amêndoa, entre outras.
Chef Regina
Créditos Liriade
Mobilidade descer nas estações Marechal Deodoro ou Santa Cecília linha vermelha do metrô, uma caminhada, uber, bike, taxi ou patinete
Super dica é caminhar pela Rua Barão de Tatuí e aproveitar para comprar flores no @arranjotropical e cafés especiais no @issoecafe
Fioca
Rua Barão de Tatuí,555, Vila Buarque, São Paulo
Horário de Funcionamento
Segunda a Sábado das 10h às 18h30
Domingos fechado
Os horários podem sofrer alterações favor consultar o perfil
Instagram
@fiocacs
Maria Farinha Cozinha
Uma garagem no bairro de Pinheiros, com mobiliário rústico, e em cada mesa um vasinho com flores frescas dentro da xícara de ágata, toques caseiros, daqueles que você entra e não quer mais sair.
De inspiração na culinária brasileira, Lisandra Amaral, dona e cozinheira do restaurante Maria Farinha Cozinha, em Pinheiros, aberto há pouco mais de 3 anos, define sua casa como restaurante de comida brasileira, e parte de pesquisas sobre a cozinha caipira. Neta de um tropeiro e uma quilombola, fica nítido a imagem da cozinha do Vale do Paraíba em seus pratos.
É única dona, e sempre esteve à frente de toda a operação, e conta somente com mulheres trabalhando ali: “É uma escolha e faz parte do conceito do restaurante, estando presente até no nome do local: Maria Farinha é a epígrafe das mulheres que produzem farinha nos sertões brasileiros, e Cozinha é lugar e verbo.” Ex-economista, estudou gastronomia, passou por algumas casas e abriu seu restaurante pequeno e aconchegante: o ambiente é simples, rústico, e o foco é na comida, bem como uma cozinha de casa.
Seu cardápio é uma celebração aos deliciosos sabores do interior do nosso pais, onde buscou suas raízes em Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba, e estudou os pratos e técnicas da região para servir em São Paulo. O carro chefe da casa é o bolinho caipira, um croquete quase esquecido pela tradição, feito de massa de farinha de milho artesanal e recheado com carne moída refogada. Um salgado típico da culinária caipira no Brasil, originário do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo
E falando de doces os da Chef Lisandra, são leves e muito bem preparados. O mais pedido é o Pudim de Leite, feito com uma calda divina e sem leite condensado. Logo na primeira colherada, você se apaixona pela textura e sabor.
Com uma culinária saborosa, zelosa com nossas tradições, nutritiva e de muito afeto, o Maria Farinha Cozinha é um local para ser visitado muitas vezes.
Créditos Maria Farinha Cozinha

Bolinho Caipira
Créditos Débora Paghi
Arroz de Suã com ovo caipira e couve no limão
Créditos Débora Paghi
Galinhada feita com galinha caipira, milho verde e pimenta servida com quiabo e ovo caipira
Pudim de Leite
Créditos
Débora Paghi
Chef Lisandra Amaral que nos recebe com amor
Créditos Maria Farinha Cozinha
Mobilidade descer na estação Pinheiros linha amarela do metrô e uma caminhada de uns 8 minutos pela Paes Leme até lá, patinete, bike, uber ou táxi.
Super dica é ir até o Sesc Pinheiros ou caminhar até o Um Coffee Co. Thera pedir um coado e também aproveitar para comprar alguns microlotes para fazer um café delicioso em sua casa
Maria Farinha Cozinha
Rua Padre Carvalho, 771 – Pinheiros, São Paulo
Horário de Funcionamento
Terça a Sexta 12h às 15h
Sábado 12h às 16h30
Segunda e Domingo fechado
Os horários podem sofrer alterações favor confirmar no perfil
Instagram @mariafarinhasp
Brasileira, sensorial e afetiva. Essa é a proposta da culinária da Chef Cafira Foz, o restaurante traz um menu brasileiro de inspiração nordestina, especialmente a vivência da cozinheira, Cafira Foz (a Fitó, seu apelido de infância), no Estado do Piauí.
O restaurante da Cafira, lembra aquelas casas do interior do sertão, com grandes janelas azuis, muita madeira, plantas, uma luminária feita pelo seu pai e uma decoração moderna e descontraída, que faz do local um espaço bem agradável em meio ao movimento da grande metrópole. Logo no corredor de entrada, temos banquetas altas, projetado para sentar e comer. O local é super pet friendly com áreas no salão principal onde seu pet pode sentar bem pertinho de você (foi o que fizemos). E no andar superior, o terraço ao ar livre é bem grande e dá um super conforto para os peludos. E a Chef cearense com alma piauiense, faz pratos contemporâneos, que lembram sua infância e também fez algumas adaptações para agradar o paladar do paulistano.
Cafira diz que nunca estudou gastronomia. “Eu não fiz escola de gastronomia, mas sempre fui uma ‘gastróloga’, sou aficionada por comer. No nordeste a gente ajuda em casa, essas tarefas fazem parte da educação, era algo natural e o Fitó veio da minha experiência de vida de olhar e falar ‘acho que sou cozinheira, é minha profissão”
Nascida em Fortaleza e criada no Piauí, grande parte de suas memórias de infância e de sua família estão relacionadas com a comida. Antes de criar o projeto do restaurante, Cafira nunca tinha pensado em ser cozinheira. Trabalhou com moda e na área do varejo e a comida fazia apenas parte do dia a dia e das funções domésticas. Até que durante uma viagem a França teve uma experiência que deu a inspiração “Fui num restaurante de referências asiáticas e fiquei tão fascinada com aquilo, achei tão incrível e reconheci ingredientes nordestinos, a presença dos caldos, pimenta, coentro. Achei incrível e comecei a pensar nos ingredientes, diversidade.”
E além de trazer um pouco da nossa história para os pratos, o poder da mulher está cada vez mais presente no restaurante dela. Além do sócio de Cafira, todas as demais funcionárias são mulheres. Na equipe há mulheres trans, cis e essa é uma forma de construir o negócio também.
E o restaurante não poderia ter melhor localização, fica no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
Mobilidade descer na estação Faria Lima linha amarela do metrô e dá para utilizar bike, patinetes, uber ou táxi. Se for de carro tem estacionamento na mesma rua do Fitó